Em tempos de redes sociais e comunicação digital, onde a informação é instantânea e muitas vezes superficial, as dicas de escrita oferecidas por C. S. Lewis a uma jovem estudante americana em 1959, revelam-se mais valiosas do que nunca.
Este conselho, encontrado em Letters of C. S. Lewis, transcende sua época e nos convida a refletir sobre a importância da clareza, do silêncio interior e da verdadeira paixão pela escrita em um mundo cada vez mais barulhento e saturado.
1. Desligue o Rádio – ou as Notificações
A primeira dica de Lewis – “Desligue o rádio” – pode ser atualizada para “desligue as notificações”. Em uma era onde a atenção é um recurso disputado por algoritmos e aplicativos, encontrar silêncio se tornou um ato quase revolucionário.
Lewis nos lembra da importância de criar um espaço mental livre de distrações, onde a verdadeira criatividade pode florescer.
O ato de escrever exige uma imersão completa, e isso só é possível quando eliminamos os ruídos que fragmentam nossa atenção.
2. Leia Bons Livros e Evite a Superficialidade
Lewis aconselha a leitura de bons livros e o evitar de revistas, o que nos dias de hoje pode ser interpretado como uma advertência contra o consumo desenfreado de conteúdos superficiais.
A qualidade das leituras que alimentam nossa mente reflete diretamente na profundidade da nossa escrita.
Em um ambiente onde se lê mais manchetes do que ensaios, e posts curtos substituem análises detalhadas, a escolha cuidadosa das nossas leituras se torna ainda mais crucial para o desenvolvimento intelectual e artístico.
3. Escreva com o Ouvido
O conselho de Lewis para escrever e ler com o ouvido, ouvindo o ritmo das palavras como se fossem faladas, é um lembrete da musicalidade inerente à boa escrita.
A leitura em voz alta, uma prática tão simples, pode revelar as cadências e dissonâncias que os olhos muitas vezes ignoram.
Em tempos de comunicação rápida e abreviada, onde o estilo muitas vezes é sacrificado em prol da velocidade, esse conselho é um convite a redescobrir a beleza sonora da linguagem.
4. Escreva sobre o que Realmente Importa
“Escreva sobre o que realmente interessa a você”, diz Lewis, destacando a importância de conectar-se profundamente com o tema escolhido.
Em uma época onde a escrita muitas vezes é motivada por likes e compartilhamentos, ao invés de uma genuína paixão pelo assunto, essa dica nos lembra que a autenticidade é o coração de toda grande obra.
Escrever apenas por escrever, sem uma verdadeira ligação com o que se está abordando, resulta em textos vazios e sem vida.
5. Clareza: A Alma da Comunicação
A clareza, segundo Lewis, é fundamental. No mundo atual, onde a ambiguidade e as más interpretações são comuns, ser claro na comunicação é um dever.
O escritor deve guiar o leitor com precisão, sem deixar espaço para confusões.
No contexto das redes sociais, onde uma única frase mal colocada pode gerar debates acalorados e mal-entendidos, a importância de escolher as palavras com cuidado não pode ser subestimada.
6. Guarde o Trabalho Inacabado
A sugestão de Lewis para guardar trabalhos incompletos, ao invés de descartá-los, é um testemunho do valor da revisão e do tempo.
Muitas vezes, ideias que parecem desinteressantes ou mal formuladas no presente podem revelar-se como sementes de algo grandioso no futuro.
Em uma cultura de produção constante, onde o novo é sempre preferido ao antigo, o conselho de Lewis nos lembra do poder de revisitar e lapidar nossas ideias com paciência.
7. Evite a Máquina de Escrever – ou o Teclado Ruidoso
Em um curioso conselho, Lewis sugere evitar a máquina de escrever, pois o barulho destrói o ritmo da escrita.
Hoje, isso pode ser interpretado como uma crítica à sobrecarga tecnológica.
Escrever à mão, ou pelo menos em um ambiente mais calmo, pode ajudar a conectar o escritor com o ritmo natural de sua prosa, longe das distrações incessantes da era digital.
8. Conheça o Significado de Cada Palavra
Finalmente, o conselho para conhecer o significado – ou os significados – de cada palavra que se usa é um chamado à precisão linguística.
Em tempos de simplificações e abreviações, onde a riqueza do vocabulário é muitas vezes sacrificada em prol da eficiência, Lewis nos desafia a ser mestres da língua, a explorar cada nuance e a respeitar a complexidade do idioma.
Conclusão
As dicas de C. S. Lewis, embora simples em sua formulação, carregam uma profundidade que transcende as décadas.
Em um mundo onde a escrita é muitas vezes apressada, impessoal e barulhenta, suas palavras ecoam como um chamado para a contemplação, a autenticidade e a clareza.
Em última análise, Lewis nos ensina que escrever é mais do que um ato de comunicação – é um compromisso com a verdade, a beleza e a arte.
Que possamos, em meio às distrações modernas, encontrar o silêncio necessário para ouvir a música das palavras e escrever com o coração.
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