Alguns escritores são tão atemporais que podem, mesmo um século depois de sua morte, decifrar a atualidade e Chesterton é um exemplo brilhante. Por isso, você precisa conhecê-lo!
Embora sua ampla capacidade intelectual seja inegável, esse autor atemporal possui algo muito maior: uma sabedoria ímpar. E é graças as suas obras, que em pleno século XXI, é possível utilizá-la para compreender o mundo.
Diante de tantas investidas das ideias progressistas, encontrar uma fonte de fortalecimento para as bases mais conservadoras é louvável.
Então, tanto para essa finalidade como para o desenvolvimento de um intelecto forte, conhecer Chesterton faz toda a diferença. Assim, confira a seguir sua biografia, seus livros e muito mais!
Quem é G.K. Chesterton?
Logo de primeira, G.K. Chesterton foi uma figura de muitas habilidades.
No dia 29 de maio de 1874, nasceu Gilbert Keith Chesterton em Kensington, cidade de Londres. Filho de Edward Chesterton e Marie Louise Keith, que tiveram mais dois filhos.
Chesterton estudou na escola local Saint Paul’s College, onde era tido como um aluno ruim e enfrentava dificuldades para aprender, devido à miopia.
Quando era adolescente fundou o Junior Debating Club com seus colegas para debater e estudar assuntos literários.
Foi batizado no anglicanismo, na adolescência era agnóstico e terminou sua vida não só como católico, mas como um grande defensor do catolicismo.
No ano de 1893 ingressou no curso de Arte no Slade School of Art mas não chegou a concluí-lo.
Posteriormente, dedicou-se à carreira de jornalista. Ele não chegou a ser diplomado por uma universidade, mas isso não foi empecilho para construir um enorme conhecimento de forma autodidata.
Em 1901 casou-se com Frances Blogg que o fez voltar para a igreja anglicana. Todavia, no ano de 1922 converteu-se ao catolicismo. Sua esposa o acompanhou anos depois.
Com relação a sua vida profissional:
- Trabalhou como jornalista nas editoras Redway, The Illustrated London News, T. Fisher Unwin e no Daily News;
- Em 1926 fundou a revista G. K’s Weekly com seu irmão Cecil Chesterton. Nesta revista, publicou sobre o distributismo e até George Orwell fez publicações.
- Escreveu mais de oitenta livros e mais de 4000 artigos.
- Realizou inúmeras conferências e palestras, por exemplo, para a rádio BBC.
E não para por aí! Além de jornalista, GK Chesterton atuou como:
- Novelista;
- Crítico literário e artístico;
- Ensaísta;
- Poeta;
- Filósofo e teólogo;
- Biógrafo.
Realizou várias viagens pelo mundo e em uma delas foi recebido pelo então papa Pio XI.
Ficou reconhecido na Inglaterra por sua surpreendente capacidade literária, principalmente pelos contos do Padre Brown, um feroz investigador.
Amava debates e participou calorosamente de muitos deles, mantendo sempre seu bom humor característico e sua lógica. Dessa forma, até mesmo aqueles que eram criticados por Gilbert lhe dirigiam um grande carinho.
Ele defendia:
- O Distribucionismo (uma opção em relação ao capitalismo e socialismo) pensado por Hilaire Belloc, seu grande amigo;
- O conservadorismo;
- O senso comum;
O célebre jornalista que era contra o socialismo, a eugenia e as ideias progressistas, faleceu em 14 de junho de 1936 e está em processo de beatificação.
Continue para conhecer suas obras!
Como ler Chesterton
Como foi visto, GK Chesterton tem muitas obras publicadas e algumas são de uma complexidade maior. Por essa razão é necessário saber como ler e por onde começar.
Afinal, não é bom cair de paraquedas em um livro, já que a chance de desistir de lê-lo é grande.
Primeiro, veja os temas que você pode encontrar nas obras de Chesterton:
- Fábulas que escondem nas entrelinhas algumas parábolas;
- Investigação;
- Teologia;
- Filosofia;
- Cultura;
- Espiritualidade.
Ele é muito diversificado!
E não se engane: mesmo em uma ficção, Chesterton adicionou ideias paradoxais que conversam com sua busca pelo entendimento dos pensamentos e das ações humanas.
Então, para entender como ler suas obras, siga as orientações abaixo:
- Procure conhecer primeiro o autor das obras.
Para isso, assista a vídeos e leia biografias como: O Pensador Completo: a Mente Maravilhosa de G.K. Chesterton, de Dale Ahlquist, e Sabedoria e Inocência – Vida de G. K. Chesterton, de Joseph Pearce.
- Leia com calma:
Como são obras com mensagens importantes e muitas vezes profundas, tente ler como quem estuda para uma prova: com atenção, calma e procurando compreensão.
- Escolha por onde iniciar:
Decida se você quer iniciar pela literatura dos contos e fábulas de Chesterton ou por suas obras mais complexas.
Para aqueles que estão tendo um primeiro contato, é recomendado seguir pelos contos e artigos de temas que lhe agradam. Um bom começo é a obra O Essencial de Chesterton.
Por último, inicie os livros que exigem mais atenção do leitor.
Mas não tenha medo, as obras de Chesterton são repletas de uma sabedoria imensa que vão ajudar você a ter mais clareza sobre as questões atuais.
Obras de G.K. Chesterton
Não é surpresa que um astuto estudioso possua um amplo acervo de obras. As mais de 80 obras já foram traduzidas para inúmeros idiomas e fazem sucesso no Brasil.
O segredo? Chesterton, por mais que tenha vivido nos séculos 19 e 20, retrata problemas e questionamentos que são relevantes para a atualidade.
Nesse período, quando o modernismo estava apenas despontando, ele já enxergava os males que ideias liberais poderiam causar.
De ficção a temas como apologética, teologia cristã e filosofia, Chesterton abordou com um domínio surpreendente em suas obras.
A cada obra, um ensinamento.
Esse autor influenciou e influencia vários escritores, dentre eles C.S. Lewis e Neil Gaiman.
Acompanhe a leitura e conheça as obras daquele que se inspirou em Dickens e se opôs a George Shaw e Oscar Wilde.
O livro Hereges de Chesterton
Em 1905, G.K. Chesterton publicou o livro Hereges, uma obra repleta de análises e críticas diretas aos “hereges” de sua época, expondo suas falácias.
Chesterton refletiu cuidadosamente os escritos filosóficos e ideológicos que seus colegas estavam produzindo. E sem medo, escreveu em cada capítulo as críticas e os equívocos do autor em questão.
Autores que defendiam vertentes ideológicas como as listadas abaixo, foram duramente questionados e desaprovados por Chesterton:
- Socialismo;
- Liberalismo;
- Cientificismo;
- Materialismo;
- Ateísmo;
- Modernismo.
Além de que o autor de Hereges fez questão de mostrar, com uma irreverente serenidade, o que estava errado na filosofia do seu amigo.
Sempre de forma respeitosa, ele revelava que aquelas ideias eram por vezes inconcebíveis ou que o seu autor não compreendia a realidade como um todo.
Tantas foram as críticas tecidas e as correções de pensamento realizadas pelo sábio Chesterton que alguns desses pensadores o instigaram a partir para a ação.
Livro Ortodoxia de Chesterton
Quando Chesterton publicou seu livro Hereges não mediu as palavras para traçar críticas aos autores.
Diante desse cenário, os escritores que foram criticados desafiaram G.K. Chesterton a construir sua própria filosofia.
Como resultado, em 1908, ele produziu a obra Ortodoxia que reunia a sua visão sobre o mundo.
É considerada sua principal obra por trabalhar, por meio de metáforas, a maneira correta de enxergar o mundo, segundo o autor.
Em Ortodoxia, Chesterton tenta provar que a fé cristã é a resposta para as principais indagações sobre a existência.
Por isso, ele diz que é pela ética cristã que pode-se encontrar uma psicologia viva.
Ao utilizar uma forma investigativa e contos de fadas, o autor consegue produzir uma das principais obras filosóficas do seu tempo.
Que fique registrado: ela não é uma simples apologética! É muito mais, é uma viagem pelos conceitos de razão, loucura, filosofias modernas e cristianismo.
Você encontrará o incrível humor de G.K. Chesterton ao tratar assuntos como o pessimismo e o otimismo.
O livro trata de temas ainda muito atuais e mostra a importância do centro da fé cristã.
Assim, não deixe de conferir essa importante obra!
O livro O que há de errado com o mundo de Chesterton
Como foi visto anteriormente, G.K. Chesterton desenvolveu sua própria filosofia por meio de sua visão de mundo.
Foi por essa mesma compreensão que em 1910, ele lançou o livro de título muito sugestivo “O que há de errado com o mundo”.
Mesmo tendo sido escrito mais de um século atrás, essa obra continua bastante atual.
No período em que o autor a produziu, movimentos progressistas estavam iniciando e ele fez questão de analisá-los.
Na obra, Chesterton aponta: o que há de errado é o fato de os indivíduos não questionarem o que é o certo.
Ele ainda demonstra que moldar a alma humana para se adequar ao que é moderno traz prejuízos expressivos.
Chesterton trabalha uma análise, que ao ser trazida para o século XXI, bate de frente com o que autores como Paulo Freire defendem.
Em outras palavras, ele afirma que muita coisa está errada porque o homem se acovardou e ignorou os ideais corretos.
De leitura fácil, a obra permite encontrar o que Chesterton já via com maus olhos:
- O início do que seria o feminismo;
- O progressismo cego;
- O esquecimento da vida doméstica, da educação dos filhos, em detrimento da vida pública;
De fato, hoje em dia é notável que ele estava certo.
Pelo contrário do que alguns críticos dizem, Chesterton não é machista, mas sim defende que a mulher é uma das protagonistas dos rumos que o mundo acaba tomando.
Até porque ele aponta as mulheres como possíveis restauradoras desse mundo errado, ao retornar sua preocupação para o que acontece na vida doméstica.
O livro O Homem Eterno de Chesterton
Já no ano de 1925, G.K. Chesterton publicou a obra O Homem Eterno.
Cativante e surpreendente, o livro é expressão da sua conversão ao catolicismo.
Perpassa pelo cerne da história do homem, desde a Idade da Pedra até chegar aos seus dias, correlacionando com a existência intacta de Jesus Cristo.
Sob essa perspectiva, ele tenta combater o ateísmo, demostrando a presença irrefutável de Deus na História.
Dividido em duas partes, a obra também defende o Cristianismo frente aos ataques do mundo ateísta.
“O ateísmo é anormalidade”, afirma Chesterton em sua obra. Ela é tão impactante a ponto de ser tida como um dos motivos principais da conversão de C.S. Lewis ao catolicismo.
Outros livros do Chesterton
Ainda há outras obras, afinal são mais de 80! Veja abaixo algumas delas:
- Contos de Fada e Outros Ensaios Literários
- Um Esboço da Sanidade – Pequeno Manual do Distributismo
- Tremendas Trivialidades
- Todos os Caminhos Levam a Roma (G. K. Chesterton)
- São Francisco de Assis
- Santo Tomás de Aquino
- O Napoleão de Notting Hill
- O Defensor – Tipos Variados
- Considerando Todas as Coisas
- Chesterton – Autobiografia
- Alarmes e Digressões
- A Superstição do Divórcio
- A Coisa – Por que Sou Católico?
Não deixe de conhecê-las! Pois elas são uma verdadeira fonte de orientações para os dias de hoje. Agora, veja algumas frases desse inteligente escritor.
Melhores frases de Chesterton
Não há dúvidas de que G.K. Chesterton tem muito a ensinar. Principalmente por meio de frases marcantes.
Aliás, não é à toa que ele é nomeado “Príncipe do Paradoxo”. Justamente porque criava frases capazes de levar qualquer um à verdadeira contradição, em busca da compreensão sobre o mundo.
Por tal razão, conheça algumas das mais importantes frases proferidas por Chesterton:
- “Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes”;
- “O homem livre é dono de si próprio. Ele pode se prejudicar comendo ou bebendo; ele pode se arruinar com o jogo. Se ele assim se comporta, ele é um grande idiota, e pode ser uma alma condenada; se não for esse o caso, ele é tão livre quanto um cachorro”;
- “Uma coisa morta pode seguir a correnteza, mas somente uma coisa viva pode contrariá-la”;
- “A comédia do homem sobrevive à sua tragédia”;
- “Não foi o mundo que piorou, as coberturas jornalísticas é que melhoraram muito”;
- “Louco não é o homem que perdeu a razão. Louco é o homem que perdeu tudo menos a razão”;
- “O progresso deve significar que estamos sempre mudando o mundo para adequá-lo à nossa visão, ao invés de sempre mudarmos a nossa visão”;
- “Os homens inventam novos ideais porque não ousam tentar os velhos ideais. Eles olham à frente com entusiasmo, porque eles temem olhar para trás”.
Conclusão
G.K. Chesterton foi muitas coisas e de forma incontestável, um dos homens mais intelectuais e sábios do seu tempo. Seu patrimônio intelectual viaja pelo tempo e pelo espaço.
Além disso, muitas das suas preocupações tornam-se verdades nos dias atuais, como profecias. Chesterton, o Defensor da Fé, é mais que uma inspiração para defender os lares das ondas ideológicas.
Ele é um lembrete fiel de que é necessário voltar-se para o entendimento da fé e os valores conservadores.
Hey, olavete!
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Estou ajudando minha irmã, que prepara uma monografia para o aproveitamento da Faculdade de Jornalismo. A ideia é sobre como o jornalismo influencia o mundo em que vivemos, e a célebre frase do Gordo: ” Não foi o mundo que piorou, as coberturas jornalísticas é que melhoraram muito”, parece não estar patente.
Não consigo encontrar as referências.
Vocês poderiam ajudar esse desregrado, desnaturado irmão?
Parabéns pelo excelente serviço prestado.
Atenciosamente, Obraider – Pastoral da Universidade Católica de Petrópolis
Salve Maria Santíssima